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As nossas inconstâncias e como podemos vencê-las

Creio que estamos vivendo o tempo das inconstâncias na fé, nos relacionamentos, na palavra dada, nas tarefas delegadas, na mordomia financeira, na assiduidade e pontualidade. É impressionante como as pessoas relegam o Senhor a segundo plano com facilidade. Ele não tem sido mais a prioridade na vida de muita gente que entra e sai dos templos.

 

Creio que essas inconstâncias ocorrem em função de interesses na vida pessoal e familiar. Quando Deus é periférico, Ele gira em torno das coisas, assumindo um papel de irrelevância na vida. As inconstâncias produzem fraturas na fé, nos relacionamentos, nos compromissos pessoais e familiares, no andamento dos trabalhos no Reino, na administração financeira e na falta de compromisso com o horário estabelecido.

 

As inconstâncias são fruto da falta de foco nas coisas essenciais. Geralmente, tem-se concentrado a atenção no progresso material e não no espiritual. A teologia da prosperidade tem sido a prioridade na vida de muitos membros de Igreja. A dispersão, característica do nosso tempo pós-moderno, tem dinamizado as inconstâncias na vida. As pessoas de coração dividido geralmente são inconstantes em seus caminhos (Tiago 1.8). Elas são marcadas pela volubilidade e movidas pela falta de interesse no Reino de Deus e no compromisso de pregar o Evangelho, de testemunhar a fé na suficiência de Cristo.

 

A palavra e a vida do cristão são uma coisa só. Não são compartimentos estanques, separados. Há unidade na personalidade do cristão autêntico. Este é tomado pelo temor e tremor do Senhor, procurando sempre cumprir os seus compromissos na Comunidade do Reino. Ele o faz com muito prazer. Na verdade, ele tem prazer em Deus, está satisfeito nEle. Vejamos o testemunho paulino acerca da mudança que ele experimentou da condição de religioso para a convicção de um cristão comprometido: “Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, pensava como menino; quando cheguei a ser homem, desisti das coisas próprias de menino” (I Co 13.11). A inconstância é um traço bem claro da meninice. A constância pertence a uma pessoa com maturidade.

 

O cristão maduro procura sempre ser responsável e constante em todas as suas atitudes e ações dentro e fora da família. O Senhor – que o criou e o salvou em Cristo Jesus – é sempre a sua prioridade e determina o seu comportamento. Ele busca o Reino de Deus em primeiro lugar, sabendo que as outras coisas hão de ser acrescentadas (Mateus 6.33). O seu coração descansa na fidelidade de Deus. Paulo nos exorta: “Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que no Senhor o vosso trabalho não é vão” (I Co 15.58).

 

Não se pode compreender cristãos inconstantes, sem compromisso com o Senhor, que não cumprem a palavra dada, faltam naturalmente aos trabalhos eclesiásticos ou da Igreja, não têm firmeza na fé, não dão testemunho corajoso do Evangelho, não são fiéis nas contribuições; e quando vão à Igreja, chegam atrasados. Muitos deles não têm vida devocional pela meditação nas Escrituras e pela oração. Não são gratos pela salvação, pela vida, sustento, trabalho, família, Igreja e pelo país onde vivem.

 

Só podemos vencer as nossas inconstâncias quando Cristo Jesus se torna o centro das nossas vidas. As nossas audiências pessoais, familiares e públicas com o Senhor são definidas pelo nosso amor a Ele. Este amor nos leva ao temor e ao tremor. Eles produzem constância em nossos variados compromissos. A perseverança dos cristãos se dá em seu relacionamento com o Senhor e com o próximo.

 

Que o Pai nos livre das inconstâncias da vida! Que o nosso coração seja tomado por Ele a cada dia! Com isso, seremos movidos a viver uma vida que glorifica a Deus (I Coríntios 10.31). Poderemos cultuá-lo no Espírito e em verdade (João 4.24). Será um culto racional, lógico (Romanos 12.1,2). Constantes no Senhor, não amaremos mais o mundo (sistema escravizador e mortal) e nem o que há nele (I João 2.15-17). Satisfeitos no Senhor, venceremos as inconstâncias que nos seduzem. Crucificados e mortos com Cristo, viveremos uma vida ressurreta e frutífera para a Glória de Deus Pai! 

 

Pr. Oswaldo Luiz Gomes Jacob