“A visão transcende ao tempo. Os verdadeiros visionários têm muitos pontos em comum, sem importar a época que vivem” (George Barna).
1) No seu chamado para o ofício profético, no ano em que morreu o rei Uzias (740 a.C), que havia reinado 52 anos, Isaías teve a visão da majestade de Deus, de que o Senhor estava assentado sobre um alto e sublime trono (Isaías 6.1-2). Impressionante e tremendamente impactante a visão do profeta Isaías! Ele pôde ver a santidade de Deus (perfeição absoluta), Sua soberania (poder absoluto) e a Sua majestade (beleza absoluta). Também teve a visão, por graça e misericórdia de Deus, dos anjos adorando o Criador e Sustentador de todas as coisas (6.2- 3). Essa visão marcou para sempre a vida do profeta. Impregnou o seu ser para o exercício do profetismo em Israel, especialmente na visão do Messias, Seu nascimento (7.14), algumas de Suas características (9.6) e o Seu sofrimento (53).
2) A visão do profeta, do seu chamado, nos leva a algumas percepções. Primeira, Deus sempre Se revela em Seu grande amor. Deus é amor (I João 4.8). Segunda, Deus chama homens e mulheres comuns para um trabalho extraordinário a partir de uma visão clara, inequívoca de Sua santidade. A chamada não revela o homem, mas Deus. Não é para a glória do homem, mas para a glória de Deus. Terceira, Deus não chama a pessoa com base em seu mérito, mas tendo como fundamentos a Sua soberania, Sua santidade e a Sua graça. Quarta, a visão do profeta não foi contemplativa apenas, mas resultou em ações efetivas. Quinta, diante da visão de Deus, da Sua vontade soberana, não temos alternativa senão a obediência. Vamos lembrar dos espias escolhidos para vasculharem a terra prometida. Eles foram enviados e depois de 40 dias trouxeram os seus relatórios: o relatório dos dez revelou a visão das tremendas dificuldades, produzindo medo, timidez, estagnação, acovardamento, obstáculos tremendos, e ainda influenciaram negativamente o povo. Em contrapartida, Josué e Calebe tiveram a visão das dificuldades, mas consideraram possível a conquista da terra em função do Senhor. A certeza da provisão de Deus os movia corajosamente. O relatório dos dez levou o povo a olhar no retrovisor. O relatório de Josué e Calebe motivou o povo a olhar para a frente, para o caminho a seguir. Os dez e seus descendentes não voltaram para o Egito e nem entraram na Terra Prometida, mas ficaram pelo caminho. Josué e Calebe entraram na terra prometida, sendo mais que vencedores (Romanos 8.37).
3) No cristianismo autêntico, a visão fatalmente leva à ação. Depois da visão, da sua purificação, Isaías disse ao Senhor: “Aqui estou eu, envia-me” (6.8). A nossa visão de Deus nos leva a agirmos com o Seu caráter e no Seu tempo. Cristianismo não é matéria filosófica e contemplativa, mas experiencial e consequentemente prática. Depois do milagre da pesca maravilhosa, operado pelo Mestre, Pedro, Tiago e João abandonaram as suas redes, deixaram tudo, para O seguirem (Lucas 5.11). Saulo de Tarso, agora convertido, “passou a pregar Jesus nas sinagogas, dizendo ser Ele o Filho de Deus” (Atos 9.20). Agora já calejado em seu ministério muito produtivo, testemunha aos pastores de Éfeso, dizendo: “Mas em nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que eu complete minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus” (At 20.24). Em Atos 16.9-12 está muito claro que a visão gera a ação. A Igreja de Filipos nasceu a partir dessa visão.
4) O Senhor nos chama à meditação na Sua Palavra, na Sua Revelação escrita visando a sua aplicação em nossas vidas e em nosso trabalho. Este é o ensino paulino em II Timóteo 3.16-17: “Toda a Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça; a fim de que o homem de Deus tenha capacidade e pleno preparo para realizar toda boa obra”. A nossa visão madura das Escrituras nos leva fatalmente à prática dos seus ensinos. A visão tem a ver com a mente e a ação com o coração. Há no cristão genuíno coerência entre visão e ação. Entre o ser e o fazer. O sentir e o falar. Jesus ordenou aos Seus discípulos: “Levantai os olhos e vede os campos que já estão prontos para a colheita” (João 4.35). Precisamos ter a visão das pessoas perdidas para lhes pregarmos o Evangelho de Cristo, que é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê (Romanos 1.16).
5) O segredo da vida de Isaías, da Sua experiência vocacional, segundo Henrietta Mears, deveria ser de todo discípulo e discípula do Senhor Jesus Cristo. Todo o poder de Isaías residia na sua visão no templo: EU VI O SENHOR! Podemos ver 5 resultados:
5.1. Convicção - Ai de mim! Estou perdido! Foi o grito resultante do seu sentimento de pecaminosidade diante da santidade de Deus (6.5);
5.2. Confissão - Sou homem de lábios impuros. Um coração quebrantado e contrito é precioso ao Senhor (6.5);
5.3. Purificação - A tua iniquidade foi tirada. Depois da confissão, um serafim purificou-lhe os lábios com uma brasa viva tirada do altar (6.7);
5.4. Consagração - Eis-me aqui, envia-me a mim (6.8);
5.5. Comissão - Vai. É a ordem de Deus (v.9).
6) Que tenhamos a visão apaixonada do Reino de Deus! Ajamos no poder do Espírito Santo (Atos 1.8). Não nos cansemos de fazer o bem (Atos 10.38). Que a visão de Deus seja a nossa visão. Que as coisas que quebrantam o coração de Deus, quebrantem o nosso coração (Bob Pierce, Visão Mundial). Que a visão da majestade de Deus, a visão da nossa condição pecaminosa, a visão do perdão de Deus em Cristo, a visão das necessidades das pessoas e a nossa consequente ação, sejam reais em nossas vidas para a salvação dos perdidos, a edificação da Igreja de Jesus Cristo e a glória de Deus Pai.
Pr. Oswaldo Luiz Gomes Jacob